14.11.07

Não enfie amor no meio

Sempre me intrigou o termo “fazer amor”. Tirando o fato de ser brega até o talo, com licença do duplo sentido, nunca entendi porque deram ao sexo esse peso todo. Amor não se faz ali na cama, na banheira, em pé, sentado, ou quietinho em banheiros públicos. Amor se faz no dia a dia, nos planos, nas conversas, nas piadinhas, nos apelidos, na superação. Dar sim é outra coisa. Trepar, fuder, transar, nada disso precisa de amor pra acontecer e pra ser bom.

A diferença está em tudo que envolve o ato em si. Estar numa relação dá tranqüilidade. Aos mais preservados, dá a segurança necessária para mandar uns ‘vai com força, safado’, ou ‘bate na minha bunda’ sem se sair como uma ninfo sedenta. Também faz o dia seguinte ser mais leve. Sem ressaca moral, sem lembrar da cara do sujeito, ou sujeita, e imaginar o que o outro achou, no que está pensando. Sem esperar o telefone tocar ou um novo convite surgir.

Mas sinceramente, sem dar voltas ou medir palavras, vamos lá. Pau dentro é pau dentro, com ou sem amor. No vai e vem da criança, não tem amor que faça diferença. É suor, instinto, é todo mundo querendo gozar. É tira, põe, rebola, mexe, geme, quica, gira, o que a flexibilidade humana permitir. A pessoa pode até gritar ‘eu te amo, eu te amo, eu te amo!’, acompanhando o ritmo do balanço pélvico. Mas se o nheco nheco estiver espetacular, qualquer um vai falar isso. Você ama todo mundo quando está prestes a ter um orgasmo. Ama o mundo, o vizinho, o padeiro, os pássaros, os hippies. Quem dirá a pessoa que está ali colada em você. O sentimento em si, o amor, a vontade de casar, ter filhos, o carinho, o cuidado, nada disso influencia a qualidade do sexo. Ou vai dizer que você nunca deu umazinha inesquecível com uma pessoa que não amava?

Claro que trepar com amor tem um clima diferente. Principalmente pela felicidade e pelo sentimento de plenitude. Mas isso tudo se manifesta nas preliminares, não no pau quebrando em si. Eu estou falando é da hora que o cuco funciona, que a jeripoca pia, que a coruja sangra. De um em cima e outro embaixo, de um de quatro e outro ajoelhado. Tô falando de hormônios ensandecidos que independem de amor pra se manifestar. Que funcionam com toque, com estímulos físicos. Quero ver alguém manter um olhar doce e meigo enquanto está com as costas roçando num lençol e um cara suado rasgando tudo em cima. Quero ver o cara, enquanto está comendo a mulher de quatro, vendo aquela bundona ali dando oi pra ele, aquela coisa toda arreganhada, cheia de carne e fluidos, pensar que vai enfiar o pênis na vagina com amor. Ah, não. E não tem nada de errado em não haver amor nesse momento. É, na verdade, uma prova de que ainda existe justiça nesse mundo doido. Porque tanto os casais mais apaixonados quanto recém-conhecidos podem ter o mesmo prazer.

Se amor bastasse pro sexo ser monumental, se a qualidade da xuxada fosse proporcional ao amor que o casal sente, relacionamentos não balançariam por falta de encaixe, em todos os sentidos. Vale amor com sexo e sexo sem amor. Só não vale “fazer amor”.

ilustração do smeagol claudio frança.

36 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom...
(sexo e amor nao estão ligados, a politica me fode todo dia e eu não estou apaixonada por ela)...

Fabi disse...

perfeito, concordo em tudo, sempre achei mal aplicado "fazer amor".

Ana Brito disse...

Também acabei conhecendo esse blog por causa do texto da depilação. Me surpreendo cada vez mais. Achei muito bom. Vocês têm um jeito bem dinâmico de escrever e suas opniões podem não ser certas, mas batem muito com as minhas, então acho ótimo! Vou passar por aqui religiosamente, pode ter certeza.

Tatiana disse...

Também acho.
Mas nem sempre rola essa fodição toda, essa química toda com um cara que você nem ama. Se encontrar, jogue as mãos pro céu e anote o fone na cadernetinha...

Silêncio disse...

Genial, gurias.
Química e instintos são uma coisa, planos e cuidados são outra. E "não enfie amor no meio" ...

Parabéns!

figbatera disse...

Apoiado!!!

Logan Araujo disse...

Muito bem dito pro amor há muitos requisitos necessários pra que ele aconteça e seja cultivado, mas pro sexo basta pau-duro + boceta-molhada, boceta-molhada + boceta-molhada, pau + pau e qualquer outra combinação de acordo com o gosto de cada um.
Excelente texto, acabo de conhecer e já me apaixonei pelo blog, parabéns meninas.

Beijos

Giovana disse...

Ô gente!!!
Pelo amor de Deus... vcs tem bola de cristal?
Minha nossa!
Semana passada recebi essa proposta de um ex, que amei muito (e achava que ainda amava).
O e-mail tinha só essa frase: "Quero fazer amo com você".
Meeooo! Dá vontade de copiar esse texto e enviar pra ele, juro!!!
Vocês são foda.
Bjo meninas!!!

Giovana disse...

Aqui... vou mandar pra ele!
Juro que coloco o link, viu?
Tipo: "minha resposta é esse lindo texto".
E aí ponho o link do Redatoras!
Huahuahuahauhau
:-)
Aquele cretino que me f*** por tanto tempo merece essa resposta.
Pronto, tá decidido.
Bjo!

Cris disse...

é engraçado que quando se envolve amor, o sexo nem sempre é tão bom, porque o cuidado a vontade de agradar, deixa a cabeça sempre preocupada e a qualidade cai bastante...

Anônimo disse...

Valéria e Elisa, roubei o post e coloquei no meu blog com os devidos créditos.

Está simplesmente fantástico. Que descrição, que descrição. Se fosse eu que tivesse escrito teriam me chamado de machista.

Bjos.

bruno e.a. disse...

só uma palavra.
muito bom!
pera aí muito bom são duas palavras.
Pois é mas sexo, bom, bom mesmo, precisa de dois né? no mínimo.
então que seja assim.
muito bom, mesmo!
voltarei.

Sil disse...

Falou e disse!!!!
Muito bom isso aqui.

Anônimo disse...

Genial. Uma vez um PA (pau-amigo) disse que adorava 'fazer amor' comigo. Não consegui responder nada. Só fiquei pensando que, se alguém fazia amor naquele momento, era ele.

Anônimo disse...

é, o maior problema do termo "fazer amor" é que ele remete (ui) a lembranças bregas, filmes B e cretinos que querem passar ao seu objeto de desejo (a pessoa que querem arrastar pro "pau-dentro") uma idéia distorcida do sentimento deles - que é um simples tesão, e não amor.
mas reitero o que disse aquele dia: o problema está mesmo no uso do termo, pq sexo com a pessoa que a gente ama é diferente. você descreveu bem no texto, aliás. as coisas ficam mais leves. e não concordo com a cris ali em cima, que disse que pode ser pior com a pessoa que gostamos pelo fato de querermos agradar. eu pelo menos me esforço para agradar e "ser agradado" com ou sem amor. pra mim isso é bom sexo. =)

ah, e esse é o texto com mais sinônimos pro sexo que eu já li em toda minha vida. hahaha

teo netto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
teo netto disse...

eu sou muito pevertido pra comentar sobre esse assunto, vou acabar me entregando demais...rsrsrs


adorei o texto!
bjsss

Anônimo disse...

F A N T Á S T I C O!

melhor até do q sexo!

hahahahahaha

[ironia, gentem! nao me levem a sério!]

Anônimo disse...

Semprei achei que fazer amor fosse o mesmo que pau-no-cú. Até porque mulher só dá o cú pra quem ela ama, mesmo que não seja um amor correspondido. Por mais que vocês discordem publicamente, afinal, todos temos os nossos pudores e tabus, mas vocês sabem que no íntimo (sem trocadilhos, please) é assim que a banda toca. Parabéns pelo blog. Que, como todo blog, é um misto de diário da princesa + mkt pessoal. E vcs arranjaram a combinação perfeita.
Bjs,
Armando Bogus

Cléu Sampaio disse...

Toda vez que venho aqui me surpreendo com a capacidade de vocês de dizer o óbvio não dito. Muito bom; adorei.
Beijos.

André Moinhos disse...

Sensacional.
Concordo em gênero, número e grau!

Beijos

Anônimo disse...

morri de rir! muito bom! =]

MM disse...

Adorei o blog, vou fazer um link no meu. abs

www.caralhaquatro.blogspot.com

Padre Alfredo disse...

Maravilhoso

Lado B disse...

aplausos e assobios..:-)

alex disse...

muito legal. querem dar uma passadinha aqui na AG prá gente bater um papo? bjs, alex

Anônimo disse...

Belas palavras!
O problema é quando a gente confunde um pouco as coisas e acaba confundindo uma simples transa com um começo de um grande relacionamento.. Buuuuuut, a vida adooora nos dar rasteiras nao é?
bjos meninas! vcs são otimas!

Yke Leon disse...

Muito bom o blog, dá aquela vontade de ficar lendo por horas e horas...

Parabéns!

Yke Leon, do:
www.revolutear.blogspot.com

Dedinhos Nervosos disse...

oh yeah, baby.

Anônimo disse...

clap clap clap
mucho bom ;)
concordo plenamente!
beijo

Ane Brasil disse...

posso enviar por e-milho pra toda a minha lista de contatos? hehehe
perfeito!
Sorte e saúde pra todos!

Anônimo disse...

Bom texto, mas o termo que você condena faz sentido pra mim na medida em que significa a realização do amor, literalmente. É a prática física dele, nos casos, é claro, em que há amor. Quando não há você chama do que quiser, mas se há amor, o termo se aplica muito bem. É o ápice, não o que vem primeiro. É ali que é oficializado "porra, quero que essa pessoa me pegue e me coma pra sempre" - e esse pensamento pode ser sim verdadeiro mesmo que naquele momento você ame até o confeiteiro português fedido da esquina.

Hmm, mas eu gostei do blog! =)

Mario disse...

Essa tese do Armando Bogus aí em cima é explorada com muito requinte e gosto num livrinho de capa preta chamado "A Entrega", de autoria de Toni Bentley, encontrável em toda boa livraria. Procurem por ele.

माया disse...

"Sou do tempo em que" (soa clichê, mas preciso dela) a mulher que fazia sexo com tesão era 'vadia' e aquela que só fazia com o futuro dono, quer dizer, marido, era a 'direita'.

Hoje, na prática, se uma mulher encara um homem com um olhar de 'vamos?' corre o risco de ser vista como 'ninfomaníaca.

O que mais observo é responder aos assédios conforme o gosto de quem flerta e muitas vezes a bajulação corre solta e alguns precisam ouvir um 'eu te amo, ai como você é demais' para se sentirem bem, verdade ou não, comprovado ou prestes à...

Nada generalizante... Só constatações de meu pequeno universo...

Anônimo disse...

ANONIMA
Sempre pensei o q foi dito no blog, mas seria rotulada como "puta" se, à época dessa minha descoberta(talvez ainda hj), falasse q sexo por prazer era uma coisa normal e saudável. Bom, até tentei contar para uma ou outra amiga, mas sempre ouvia: "Como vc consegue fazer sexo sem amor?". Nem adiantava explicar. Aí, casa-se e o sexo está liberado, porque é por amor. Mas vá vc dizer q gosta de sexo selvagem ou q quer variar com uns "brinquedinhos" durante a transa!! "Vagabunda! Aonde vc aprendeu isso?". Bom, aí, vc se separa e já não está mais na idade de se preocupar com o q os outros pensam a seu respeito... "Vamos à luta!". Mas a concorrência está "phoda", e vc pensa: "Devia ter aproveitado mais do sexo por prazer qdo eu é quem era o páreo duro pra concorrência!" Mas enfim, ainda há mto tempo! Hj, uma mulher de 40 e uns trepa na boa e muiiiito bem, obrigada!!
Ah, Tatiana (15 de nov) encontrei "essa fodição toda". Aliás, é surpreendente a química q rola, e acho até q é porque não existe amor, só sexo. Acho qu é como disseram aqui no blog "não enfie amor no meio", mas enfie um belo pênis excitadíssimo em uma vagina sedenta de prazer.

Bjo pra todos... porque beijo é tudo!!!

PS-Vou amanhã mesmo comprar o livro sugerido por Mario.

Anônimo disse...

Gente! levei 1 ano pra explicar isso pro meu marido,esse tal de "Eu te amo" na hora do sexo, ninguém merece viu! mas quando finalmente ele captou a mensagem... só alegria!!!