12.1.07

O maior amor do mundo

Começou chupando seus dedos, um por um, devagar, como uma tarde de domingo. Mordiscou-lhes as pontas com uma leve pressão, passou-lhes a língua agora áspera tentando refazer o desenho de cada uma das digitais. Ele suspirava; também não tinha pressa. Esperaram tanto por isso que não pensavam em mais nada a não ser contar os segundos que permaneceriam juntos. Ela deixou os dedos úmidos e começou a brincar com seus mamilos duros fazendo círculos molhados em volta deles, sugando-os com a força necessária, apertando-os com delicadeza.
Ela imaginou essa cena por dias e dias, e tanto foram eles que o tempo não pôde esperar por ela e teve que agir. Deixou seus cabelos mais brancos e com menos brilho, tirou a força das suas coxas, tornou seus seios mais confortáveis. Ele com nada disso se importou. Tinha sua amada pronta em sua cabeça, idealizada, perfeita, de corpo e de alma. Amavam-se tanto que nem o tempo faria estragos no que sentiam um pelo outro. Sabiam, sempre souberam, que o amor que existia entre eles não era para ser vivido, era somente para se sentir.

Não iriam dividir a vida juntos, não teriam problemas, não iriam sofrer, não machucariam um ao outro. Apenas se entregariam à vontade de se olhar, de se tocar, de dormir com as pernas enroladas umas nas outras. Quem sabe, um dia, conseguiriam viajar juntos, pisar juntos pela primeira vez em uma terra, areia ou grama que nem um dos dois ainda tivesse pisado. Este lugar seria deles, assim como uma nova música também seria deles – é sempre assim com os casais apaixonados. E apaixonados eles já eram há muito tempo. Se amavam por palavras, por vozes, por olhares trocados furtivamente.

Agora ele puxava-lhe os cabelos enfiando a mão pela nuca, metendo os dedos entre os cabelos fazendo-a se virar de uma só vez. Ela cedia a cada movimento, como um balé, um tango, um ritmo perfeito onde cada um sabia seu papel. Ela pensou como era grata por tudo que já havia vivido, só assim poderia estar em paz com o que vivia agora, a isso chamam de maturidade e pela primeira vez experimentava as delícias de não ser mais tão nova. Ele ria do seu sorriso e da sua felicidade. Ria com ela, das coisas que dizia, de toda a leveza que tinha. Era a mulher que ele nunca teria; ela o amaria pelo resto da vida.

5 comentários:

Anônimo disse...

Eita!

Anônimo disse...

Faço minhas as palavras do comentarista acima... "Eita!!"
Poético

Elisa Quadros e Valeria Semeraro disse...

eita é bom? ou ruim? ou péssimo? eita, tô neurótica.

elisa

Anônimo disse...

eitcha.
:-)

Elisa Quadros e Valeria Semeraro disse...

deslizei pelo texto, docinho.
:)