12.4.07

Amor de cão

Já reparou naquele cachorro que é muito bem ensinado e que apenas com o olhar você consegue dizer pra ele senta, fica quieto, pára de latir? E ele fica lá, encarando você, esperando que você mude de expressão para então poder mudar também, não ficar mais tão tenso, não precisar ficar atento aos seus movimentos. Tudo que ele espera é uma pequena brecha para poder relaxar, sair correndo, pular no seu colo, babar em cima de você e mostrar o quanto gosta da sua companhia.

Ela não era tão domesticada quanto um cão, mas agora sentia-se exatamente assim. Ficava a espreita procurando o momento em que ele iria olhar pra ela e falar vem ficar aqui comigo. E pra sempre. Sonhava com um encontro marcado para aquela noite. Seria capaz de matar o trabalho, deixar de sair com as amigas, desligar o celular para que aquele outro que conheceu no fim de semana não ligasse e atrapalhasse seu velho plano. E o plano era muito simples. Bastava ele chamar e ela ia. Deixaria ele colocar a coleira nela, ficaria de quatro, lamberia ele todo, abanaria o rabo, traria o chinelo dele todas as noites. Era só ele estalar o dedo.

Teve que admitir que por mais independente que fosse ele exercia um poder silencioso sobre ela e sobre o que ela sentia. Era uma ligação difícil de explicar, complexa de se entender e sofrida de se viver. Ela não sabia por quanto tempo conseguiria ficar assim. Já tinha perdido o juízo, o amor-próprio, o orgulho, estava descendo ladeira abaixo. Com o passar do tempo, imaginava o que poderia acontecer. A raiva iria tomar conta e o que ela sentia por ele precisaria ser sacrificado. Sem dó nem piedade.





6 comentários:

Anônimo disse...

Eu não sei como é um cachorrinho assim, porque o meu é um capetinha, hehe
Agora, isso de "ficar a espreita procurando o momento em que ele iria olhar e falar vem ficar aqui comigo" é uma das coisas que me envergonho de já ter feito nessa minha vida. Ah, o amor (ou aquilo que a gente acha que seja...)
Bjão!
Gio

Elisa Quadros e Valeria Semeraro disse...

é tão difícil quando a gente se importa. nessas horas, agir como gato seria melhor:)
beijo, docinho.

Anônimo disse...

Nossa... que vontade de voltar no tempo e me dar uns bons tapas na cara para acordar. Ninguém merece ser cachorro, principalmente nesse aspecto. :-)

- disse...

eu tenho medo de cachorro. e não queria nunca ser um. mas até parece que a gente consegue assim tão fácil...texto bonito esse. béjus, moças!

Love, Ink disse...

eu amo voces.

Anônimo disse...

melhor ela sacrificar ele do ele fazer isto com ela... mais! muito bom! bjo!