29.11.05

Pra ele


Resumir. Se você quer falar do Claudio, esqueça essa forma rápida e simples de dizer o que você pensa sobre ele em algumas linhas ou minutos. Eu demorei a entender isso, confesso que em alguns momentos me irritei mesmo e cheguei até ao absurdo de concordar com algumas pessoas que disseram que ele era prolixo.

Mas quem conhece o Claudio consegue entender perfeitamente o que ele quer dizer. Sabe fazer rir como ninguém, mesmo estando de mau humor. E de bobo não tem nada. Ama o blues e sua banda, que tem mais de 10 anos, é um exemplo de como ele leva a sério a coisa. A Big Bat sempre se manteve firme em seu propósito: tocar blues. Imagina em 10 anos quantas vezes eles não ouviram: mas por que vocês não tocam rock? o Raul Seixas também é blues, sabia? o Legião Urbana tem uma música que é um blues, por que vocês não tocam? olha, a gente queria contratar a banda, mas tem que tocar de tudo, vocês tocam né? Não, não e não. Agüentar isso mesmo quando o bolso tá vazio e querendo falar mais alto que sua convicção e nunca, nunquinha ter se rendido aos apelos da vida fácil são motivos de orgulho pra mim.

E mesmo depois de tanto tempo, Claudio ainda tem paciência pra explicar, cumprimentar as pessoas na rua com carinho, abrir um sorrisão e estender com vontade a mão para ser apertada com entusiasmo. Como é diferente de mim, que muitas vezes tenho preguiça de falar e atravesso a rua, desvio o olhar, finjo que não vejo. Por que sou assim? Diferentemente do Cláudio que conversa tanto, que tem tanto assunto, que sabe o que acontece no Camboja, na Austrália, no Rio Grande do Norte. Adora ler National Geografic e fica assustado com as previsões do fim do mundo.

Tão menino de tão perdido, daqueles que a gente precisa pegar na mão e levar, mas antes acalmar com água e açúcar e confortar contra o peito. Meu amado Claudio, que tanto mostra me desejar, me amar, que me beija com força e todos os dias, no elevador, no carro, na garagem. Que gosta de conversar à noite na cama enquanto luto contra minhas pálpebras pesadas que desmoronam cada vez mais rápido.

E como questiona, como pergunta sobre tudo e sobre tudo parece ter opinião. Tenho curiosidade em saber o que acham dele. Já tive que dividi-lo, mesmo sem saber, e como isso é duro. Mas amor é liberdade. Então tá. Seja livre e fique comigo porque me alimento das suas besteiras. E das comidinhas que você faz pra mim, tarde da noite. Enquanto eu já estou quase morta lá no sofá. E lá fico esperando você chegar para deitar na sua barriga e dormir sem desligar a TV. Boa noite.

P.S. Claudio é namorido da Elisa há 9 anos. A ilustração é do Galvão www.vidabesta.com

5 comentários:

Anônimo disse...

caramba... que lindo! Muito bem escrito e cheio de amor... perfeito! Amei!

Anônimo disse...

...ai, tô aqui de novo. Confesso que li mais duas vezes! Achei tão lindo...

Anônimo disse...

Inclusive mandou trechos pra mim por e-mail... rs.
Muito bunito mesmo, Tielisa. Bêjo. Pros dois.

Elisa Quadros e Valeria Semeraro disse...

brigada amigos...

Anônimo disse...

Poxa, conheço o figura faz pouco tempo, mas com certeza a Elisa o descreveu com precisão. Nunca vi esse barbudo de cara fechada. Nem quando o desavisado aqui fazia uma visita surpresa à fire e encontrava o bicho pegando.
Adorei o texto, Tia Elisa. Bjos.