8.12.05

O fim



quero falar do fim, mas nem sei por onde começar. talvez pela tatuagem que eu nunca fiz. e a que você também não. ficou tão feliz quando ganhou o desenho de mim. parecia que não esperaria nem um dia a mais para imprimi-la pra sempre na pele. agora, nunca mais.

não te contei, mas não sei onde coloquei a chave da sua casa. perdi. lost. e Lost sem você? e os sanduiches e jantares improvisados, feitos nos intervalos do programa? eram os dias perfeitos para quebrar o regime e comer um doce. e depois insistir em levar você pra casa, porque afinal,se tenho um carro, mesmo que você o odeie tanto, por que não? além do mais, é o dia em que você está mais cansado. sempre sonolento, com aquele jeitinho de quem vai gripar. mas é só seu mal de segunda-feira.

às quartas-feiras então. aí, q vaziozinho que deixa. agora vão ser sempre de cinza. será que até o carnaval a saudade passa? ah, mas vai passar. vou estar no bloco, nem que seja do eu sozinho, rindo e bebendo. de repente nem vai ser de você, vestido de mulher. mas de mim mesma, assim, sem motivo.

e como esquecer de você me esperando na esquina do trabalho, acenando para mostrar que não estava na portaria? é, sei que às vezes eu esquecia de destravar a porta e tirar a bolsa do banco, mas não era desleixo, não. você sabe que sou uma cabeçuda. esperta, mas cabeçuda.e quando entrava no carro, vinha rindo, lindo. enquanto eu partia, me dava um selinho e perguntava: onde vamos? tá com fome? que filme vamos ver? o banco do meu carro já parece chorar de saudade. e quem vai trocar o cd? acho que vou ouvir esse radiohead pra sempre.

quando falar com sua família, diz que eu gostava deles sim. e dá um beijo no daniel por mim.diz também pra talita que minha bolsa prata está sempre à disposição.

pensei em correr atrás, fazer loucuras por você, provar o amor que tenho, com direito a choro, desespero, caretas e frases bregas. mas você sabe bem o que sinto. e como você mesmo disse, eu não sou o problema. bem, mas também não sou a solução. pelo menos eu ainda sei quem sou.

e espero que você também nunca esqueça da menina que que foi a todos os shows do los hermanos com você, que encheu sua casa de bolas no seu aniversário de 26 anos, que aprendeu a ler quadrinhos com você, que reconheceu a tatuagem no seu peito, que parece a penélope cruz (mesmo que só duas pessoas achem isso), que chorava de rir com você na cama, falando bobagens, que dormia no meio dos filmes mas tomou um remédio e melhorou, que gostava de dormir do lado da janela e com a tv ligada, que faz baliza como ninguém, que sente uma dor diferente todo dia, que aprendeu a beber água tônica, que às vezes parece a brigite jones, que sempre confiou em você, que não corta cebola bem, mas sabe fazer um macarrão muito bom, que foi com você pra são paulo, pro rio, pra caraíva, pra domingos martins, pra santa leopoldina, mas não conseguiu ir pra pedra azul, que só perdia no war e que fica linda quando lava o cabelo.

claro que não incluí os defeitos, mas quem vê defeitos quando tá triste? mas chega. não aguento mais lembrar, escrever, chorar. por hoje é tudo. paro por aqui, cansada, inerte. e só.

3 comentários:

Elisa Quadros e Valeria Semeraro disse...

É sobre o fim, mas não deixa de ser uma declaração de amor.
Talvez por isso desperte amor e ódio:)
Bjs

Anônimo disse...

gostei. dá um medo. dá uma angústia e ao mesmo tempo dá uma sensação de "eu sei como é", "já vi esse fime também" e por mais que vemos, queremos rever... ê coração... até quando? não importa. Já foi. Mas como dói...

Anônimo disse...

É mesmo ruim o fim....simplesmente não ter mais...teu cheiro,teu abraço,ah teus carinhos...
não poder olhar vc e me sentir viva!
é ruim mesmo! qdo o FIM cabe só á uma pessoa...enquanto a outra continua amando...
amando tudo nele...
Porque o fim...foi só p/ ele?????