- Adolfinho. Você ouviu isso?
- Ouvi nada não, mozin, fica calma.
- Ai, Adolfo, sei não, eu juro que ouvi o rangido da porta.
- Quiqui, não tem ninguém em casa.
- Adolfo, tem uma sombra no corredor.
- Santo flagra.
Não houve tempo para nada. Nem mesmo para se cobrirem. Em questão de segundos, a mãe de Adolfo adentra seu quarto. A cena é dantesca. Era impossível saber qual perna era de quem. A expressão de terror de dona Miriam era a mesma de quem está do outro lado da rua e vê seus três ônibus passarem ao tempo. Pânico, desespero, falta de sorte.
(grito de aproximadamente dez segundos ecoa pela casa.)
- Meu filho! O que é isso?
- Mãe, eu posso explicar.
- Não tem como. Até porque nunca vi posição igual a essa.
- É, a gente que inventou. Mas fica calma, mãe.
- Dolfinho, como é que vou ficar calma com vocês dois pelados na minha caminha, esfregando essas... essas... nádegas suadas no meu lençol de seda?
- Mas dona Miriam, a senhora tem que entender nossa situação.
- Eu estou entendendo bem. Principalmente a situação do meu filho. Tampa seu pintinho, Dolfinho, que mamãe fica constrangida de ver ele assim.
- Mas a senhora há de convir que somos prevenidos. O pintinho dele está coberto, viu só? Mostra aí, Adolfin.
- Pára, Quiqui, pára.
- Mas é verdade, num é? Mostra logo esse treco, sua mãe já viu isso mil vezes.
- Ah, meu deus!
- Como a senhora percebeu, ele está devidamente protegido. Com o susto ele ficou meio recluso, com carinha de sharpei... tadinho. Mas a borrachinha tá presa ali.
- É mãe, ela tem razão.A gente se preveniu. Engravidar ela não ia.
- Mas que cara de pau... não existe justificativa pra essa sodoma e gomorra. É uma falta de respeito.
- Falta de respeito não é não, dona Miriam. Nós forramos sua cama com essa toalha de praia, pra não sujar seu lençol de seda com Nutella. Nós fechamos a cortinas pros vizinhos não acharem que era a senhora se divertindo. Nós tiramos o quadro com a imagem de Jesus da parede, pra ele não ver nada.
- Ele vê tudo, minha filha, vê tudo! Não merece, mas vê, coitado.
- Coitado é o Adolfo, dona Miriam. Sabe que ele fica com dor nas bolinhas quando a gente fica sem transar?
- Deus do céu!
- Fala pra sua mãe, Adolfo, fala que você fica todo dolorido.
- Pára, quiqui.
- Larga de agir que nem menino! Ela já pegou a gente furunfando mesmo. Aja que nem homem. Agorinha mesmo você não era o peludo selvagem que ia explorar a gruta? Agora está com medo da sua mãe?
- Tá bem, tá bem. É verdade, mãe. Se eu passar um dia sem sexo, o negócio aqui vira panela de pressão. Fico que nem aquele seriado, o 24 horas. Pura tensão.
- E tem mais. A senhora sabe o que é ir pra motel? Olha, dona Miriam, tem que ser muito guerreira.
- É verdade, mãe. Dia desses a gente foi brincar na banheira e um bolo de cabelo saiu do...
- Adolfin! Poupe-me, meu filho.
- A senhora que tem que nos poupar desse moralismo. Tem que agradecer por seu filho arrumar uma namorada direita que nem eu. Poderia sair por aí pegando um monte de louca. Não falta golpista por aí querendo um Dolfinho Neto.
- É mesmo, mãe. A Quiqui é show. E olha o corpo dela. Mostra o abdominal pra mamãe, Quiqui. Né bonito, mãe?
- ... isso é demais pra mim. Eu preciso me sentar.
- Senta aqui, dona Miriam. Dolfo, tira o vibrador daí.
- Aaahhh, santo, santo senhor!
- Calma mãe, isso é de mentira. Ó, pega aqui, é de plástico, viu?
- Ô, senhor...ô senhor...
- Tira isso de perto dela, Adolfo, ela sabe que é de plástico. Ia ser o quê? Um piru decepado?! Se acalma dona Miriam. Olha, eu sinto muito por isso. Mas a senhora tem que ver que era a única solução. A gente estava sem grana pra motel. Não ia ser no carro, a senhora sabe como é perigoso.
- É, isso é... está feia a coisa.
- Então. Aí a gente chegou aqui e não tinha ninguém em casa. E essa sua cama, sogrinha, que delícia. Nunca vi colchão igual.
- É? Você gostou? Também gosto... é macio... obrigada.
- Gostei não. A-mei. E não machuca o Adolfinho. A senhora sabe que o joelho dele é podre. Mas nesse colchão a gente faz tudo que é posição e ele fica sem dor.
- Ah, que bom, meu filho.
- E assim, sem querer abusar da nossa intimidade, a decoração do seu quarto é um sonho. Se eu dormir e sonhar com um quarto, puf! Lá vem o quarto da senhora na minha cabeça.
- Assim eu fico sem graça.
- Bom que assim ficamos empatadas, num é? Dona Miriam, vamos fazer o seguinte? Eu e Adolfo vamos tomar um banho, passar uma água no long john...
- Londjôn?
- O apelido do vibrador. Guardar as bolinhas tailandesas... puxa, que situação... desculpe esse arsenal de brinquedinhos safados, mas hoje é aniversário de namoro. Eu queria deixar o Dolfin feliz. Me sinto tão envergonhada agora.
- Meu amor, fica assim não. Mamãe entende.
- Eu só queria fazer você feliz, amor. Olha a confusão que deu. Eu sempre faço tudo errado.
- Ô, querida, não precisa disso. Olha, eu vou fazer um chá de camomila pra todos nós. O que acha?
- Boa, mamãe. Eu vou ficar aqui com a Quiqui, pra ela se acalmar.
- Aproveito e asso aqueles biscoitinhos de polvilho que vocês gostam.
- Você é demais, mamãe.
- Deixa pra lá, meu filho.
- Mamãe!
- Oi?
- Fecha a porta quando sair?
ilustração do galvão: www.vidabesta.com
26 comentários:
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hehehehe...
bjs
tô vendo que logo, logo vou passar por uma situação dessa. só não sei se vou saber me comportar tão bem quanto a mãe do adolfinho :)
muito bom, docinho. levinho, gostoso, dilícia de texto.
beijo
Hahaha!! Que comédia!!!
Olha só, já passei por isso aê.
A diferença foi que pulei pra debaixo da cama do namorado, pra sogra não me ver... quando fui sair de lá, deu pressão entre meus peitos e o azulejo, porque estava suada ao extremo e o azulejo gelado que nem picolé.
Resultado: meus peitos ficaram agarrados no chão! Hihihi
Minhas amigas adoram quando conto essa história, que tem um final nada feliz, hehe
Bjo meninas!
Morriiiiiiiiii de rir! Comedia esse texto!
:)
Bom demais sô .... ri de me acabar
eu não queria estar na pele do adolfinho. situação cabulosa. O.o
ah, esqueci de dizer: gostei dasz viradinhas da história. =D
Muito bom! Ri demais. E esse lance da Nutella eu me lembro bem de onde vem :p Beijos
Loucura, loucura. TExto pra lá de engraçado. Mais uma vez chorei de rir pra variar. Só faltou o nome do bilau do Adolfin se chamar Hitler...kkk
Abraço!
Show!
Aconteceu comigo, mas a mamãe se tocou e saiu do quarto. Mas era meu quarto e minha cama.
Bela história docinho :P
que foi isssooo?
ri do comaço ao fim!!
que foi isssooo?
ri do comaço ao fim!!
HAHAHAHAHAA
tres onibus = 507, 520 e 501!
beijos
Olá, Elisa. Obrigada pelo toque, já coloquei os devidos créditos.
Abraços.
Pra começar o Galvão rules né?
Sou fã dele de carteirinha! O Blogue de vcs fica completo com as ilustrações dele.
O texto é otimo, eu ri muito e tb ja passei por coisa parecida qdo eu tinha meus 19 aninhos...rs*
Morri de rir aqui...
muito engraçado!
Meus pais bateram na porta. ;).
HUIAHHAUHUAHUIAHUHAUIA!
Acho que ri em cada fala desse texto (nhaim, como adoro diálogos!), mas essa aqui me rendeu uma crise de riso: "A expressão de terror de dona Miriam era a mesma de quem está do outro lado da rua e vê seus três ônibus passarem ao tempo."
O gozado é que isso já aconteceu comigo, uma vez. Só que com a mãe da parceira, não a minha.... :-))
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Morri de rir
Muito, muito, muito engraçado..
Parabéns..
Voltarei mais
HAHAHAH Excelente!!!
ADOREI o texto e o restante do blog todinho..
o conheci através de uma crônica sobre uma depilação na virilha q uma amiga mandoupra mim.. desd então o recomendo p/ todas as minhas amigas c/ bom gosto!
demais mesmo!
xxoo
isso que é mãee!!!! @.@
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